Investigação, ocultismo, insanidade. Poderíamos estar descrevendo um dos inesquecíveis contos de H. P. Lovecraft, mas estamos falando do jogo criado por Lucas Zaper e Fernando Neves, que é tão inesquecível quanto. Highlands, Deep Waters é um romance interativo, onde você cria um personagem e faz escolhas durante a narrativa, rezando para chegar lúcido ao fim do livro-game.
Na história você pode controlar um detetive, um criminoso ou estudioso das ciências ocultas para desvendar um crime na cidade escocesa de Invernock. Durante o jogo, seu personagem toma mais consistência e você acaba ficando preso à tela em busca de soluções. Suas deduções são muito importantes para que você ganhe pontos e escolhas erradas podem significar sua morte.
Em Invernock todo mundo parece suspeito: de um carinha quieto num canto do bar ao padre local. Todos merecem atenção redobrada, afinal, na cidade o perigo está à espreita desde sua chegada.
A introdução do game já sufoca com o relato de um pesadelo, onde o aquecimento global faz o mar avançar ao longo dos anos e você precisa fazer escolhas para sobreviver. Você acorda com a sensação de que o mundo onírico se misturou ao mundo real. E o pior que é basicamente isso.
Depois você conhece Alexander Paterson, que procura uma pessoa que possa descobrir o que aconteceu à sua irmã. Eu criei um personagem chamado Kendram Benson, pesquisador de ciências ocultas e bastante curioso para desvendar o que há de tão errado com esse caso de assassinato/suicídio que aparenta ter sido muito mal resolvido pela polícia.
Um ponto positivo do game para quem nunca jogou algo parecido (como eu) é que as informações chegam até você de forma fluida, se não vêm por terceiros, elas simplesmente aparecem como se fizessem parte de sua lembrança, o que é bem importante para localizar você dentro da trama.
Você se sente pressionado a fazer escolhas, uma urgência na tomada de decisão é inevitável, um relógio invisível tiquetaqueia enquanto você pensa, no ritmo do seu batimento cardíaco. É uma sensação muito mais palpável que numa simples leitura, por exemplo.
Além da história principal, você acumula pontos fazendo boas deduções ou pegando caminhos diferentes durante sua estadia em Invernock. E, para ajudar na investigação, o jogo conta com resumos dos personagens que você vai conhecendo, além de documentos e recortes de jornais que facilitam sua vida na hora de criar uma linha de raciocínio.
Você vai realmente enlouquecendo aos poucos, não o personagem, VOCÊ. O receio das coisas, o medo de perder a vida, o sentimento de urgência, tudo fica bem mais intenso que numa partida de RPG com os amigos. Numa mesa as piadinhas e conversas aleatórias são incontroláveis às vezes, aqui você está só. 100% da sua atenção está em duas coisas: resolver o caso e sobreviver.
Não posso me ater muito aos detalhes e personagens sem estragar a brincadeira, mas você precisa sentir essa energia de Highlands, Deep Waters. Um intrincado culto com forças ocultas te espera, você não consegue confiar em ninguém e, enquanto algumas respostas vão clareando sua mente, coisas piores acontecem. Mais desaparecimentos, personagens e mortes, todas elas interligadas e apontando para outro problema.
De negativo senti apenas carência de algumas imagens e pontos de salvamento durante game, acredito que algumas imagens a mais enriqueceriam a experiência e os pontos de salvamento de ajudariam a explorar melhor algumas partes da história sem ter que, necessariamente, resetar a narrativa. Além disso o game só roda em inglês, ou seja, para os brasileiros jogarem precisam ter um bom domínio da língua inglesa ou paciência para traduzir no google. Porém vale a pena da mesma forma, acredito eu.
Highlands, Deep Waters é um acerto imenso de Lucas e Fernando, a narrativa vem fazendo muito sucesso e ganhando o coração de muitos players. Críticas positivas e elogios são abundantes nas páginas de download e fóruns da internet. Não perde tempo e compre o jogo. Além disso você pode jogar uma parte do game totalmente grátis e decidir depois se quer continuar.
E aí, já jogou? Conta pra gente o que achou! Se não jogou é melhor fazer isso rápido, antes que as águas subam e levem embora sua vida e sanidade.
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