Com apenas 23 anos, Fernando Neves vem surpreendendo a todos com seu trabalho impecável como escritor. Criador de narrativas nato, Fernando estuda Medicina na UFSC e é bacharel em Ciências Médicas pela University of Dundee, na Escócia. Trazendo sempre à tona temas relacionados ao seu campo de conhecimento, ele nunca deixa de lado a ficção que sempre o acompanhou.
Viciado em leitura e jogos de tabuleiro, o nosso autor parceiro sempre foi apaixonado pelo desconhecido: "A verdade é que eu não sei muito bem - parece que sempre “esteve lá”. Eu acho que sempre gostei do que não existe. De criar personagens, de viver histórias que não aconteceriam no mundo real.", conta pra gente na entrevista que você pode conferir logo abaixo.
Fernando já tem dois livros publicados e comentados aqui no blog: O Quinto e Os Casos de Agatha Leblanc, basta clicar no link que você será redirecionado.
01. Conta pra gente de onde surgiu essa vontade de
entrar no mundo literário.
A verdade é que eu
não sei muito bem - parece que sempre esteve lá. Eu acho que sempre gostei do
que não existe. De criar personagens, de viver histórias que não aconteceriam
no mundo real. Com sete ou oito anos, eu levava historinhas de comédia para a
professora ler para a turma no ensino fundamental. Conforme o tempo passou,
jogar RPG, estruturar histórias para os meus amigos e interpretar personagens ajudou-me
muito na propulsão para escrever. Lembro-me de que aos treze ou catorze anos eu
fui homenageado por me destacar num evento de interpretação de personagens no
Ragnarök Online. Foi um
dos primeiros momentos da minha vida em que pensei: “pô, eu consigo dar vida
para o que não existe”.
02. Quais são suas maiores referências?
É uma pergunta complicada,
porque muitas pessoas e muitos autores contribuíram para construir meu gosto pela
escrita. Se a pergunta fosse “quais são os autores cujos trabalhos você mais
leu”, eu diria que são Stephen King e Arthur Conan Doyle. Acredito que,
consciente e inconscientemente, eu tento reproduzir – considerando minhas
limitações – a mágica que, para mim, surge dos livros deles.
03. Os dois livros
retratam casos médicos. Você pretende seguir esse caminho nos próximos
trabalhos ou deseja explorar outros gêneros?
Pretendo e não pretendo.
Ao mesmo tempo que a Medicina serve como um dos pilares centrais para ambos os
livros, eles foram escritos em contextos bem distintos.
“Os casos de
Agatha Leblanc” é originalmente uma peça de teatro que escrevi em 2014 para uma
mostra anual de arte no meu curso – o MedCult. Tinha, então, uma forte
associação com a Medicina, justamente por causa do público-alvo da peça. Dois
anos depois, um amigo veio insistir para que eu escrevesse um livro para um
concurso literário da Amazon. Eu tinha só um mês até o prazo, então resolvi
adaptar a história para o formato de eBook.
Por outro lado, “O
Quinto e Outras Histórias Médicas” teve seu nascimento planejado. No início de
2016, reuni-me com o amigo Paulo Pereira (da minha turma de faculdade) através
do Skype e tivemos a ideia de reunir um conjunto de narrativas médicas na mesma
publicação. E foi basicamente isso, só que com muitas reviravoltas e
dificuldades pelo caminho.
Acho que a
Medicina será, mesmo que involuntariamente, uma temática perene nos meus
próximos textos. É uma parte muito grande de mim, um filtro através do qual
eu observo o mundo e as pessoas. Mas pensando
em tudo o que li e escrevi até hoje, acredito que a minha verdadeira bolha seja
ficção contemporânea. Por mais variados que sejam meus rascunhos e rabiscos,
todos eles tendem a se passar no mundo atual. Nunca fui muito de explorar
(lendo ou escrevendo) castelos medievais ou futuros apocalípticos.
04. Falando em
próximos trabalhos, aproveita e conta pra gente o que vem pela frente!
Pretendo, assim
que possível, atualizar Os casos de Agatha Leblanc, assim como publicar uma
versão traduzida para inglês. Também pretendo lançar outro livro na Amazon que
tenho pronto há alguns meses, e que também entraria no mesmo gênero - ficção
policial contemporânea. Também estou trabalhando com o Lucas Zaper na nossa
próxima ficção interativa! Tentaremos aprofundar algumas das mecânicas que
experimentamos em Highlands, Deep Waters. Acredito que publiquemos uma versão
jogável ainda em novembro.
05. Como citado acima, você acaba de lançar um jogo em co-criação com Lucas Zaper. Fala um
pouco sobre a experiência de participar desse projeto, qual foi a maior
dificuldade e o maior triunfo.
Começarei com o
maior triunfo porque é a pergunta mais fácil. Foi, sem dúvidas, ver a recepção
que o nosso livro-jogo teve. Esperávamos, sei lá, algumas centenas de jogadores,
no máximo. Um ou outro comentário positivo. Conseguimos, entretanto, mais de
10.000 leitores em menos de um mês de lançamento, e quase todo dia recebemos
palavras de pessoas que gostaram muito da obra. Gente lá nos Estados Unidos nos
parabenizando e querendo outro livro-jogo nosso. É quase irreal. Como se não
tivesse acontecendo conosco. Sobre a maior
dificuldade, acredito que foi ter a perseverança para tocar o projeto até o
final. Foi um trabalho muito maior do que nós esperávamos, e em alguns momentos
nós pensamos em desistir, começar do zero ou deixar mais simples. Nós
adquirimos, entretanto, uma carga de experiência muito grande – tanto que o
nosso projeto atual está rolando de maneira muito mais fluida e rápida.
Highlands, Deep Waters é um jogo que vai receber crítica em breve aqui no nosso blog, fique ligado nas novidades que essa jovem promessa do mundo literário nacional vem trazendo pra gente. Anote esse nome ;)
E é isso! Espero que você tenha curtido e se quiser deixar algum comentário ou pergunta pro Fernando, nossa caixa de mensagens está aberta. Até a próxima!





