
“Os homens da Terra tem o talento para acabar com coisas grandes e belas”
E ai galerinha, tudo na boa?
Hoje tenho a resenha do livro “As Crônicas Marcianas”
do escritor Ray Bradbury.
O interessante desse livro é que ele foi publicado
originalmente em 1950. A obra é composta por 26 contos, sendo que alguns desses
contos já haviam sido publicados em alguns revistas e jornais nos EUA no final
da década de 40. Depois, junto com alguns contos inéditos o livro foi
publicado, surgindo então a primeira edição de “As Crônicas Marcianas”.
Mas cada edição é diferente, ao longo de todos esses
anos, as novas edições tiverem contos acrescentados e/ou substituídos por novos
contos.
Então dependendo da edição que você tenha em mãos, os
contos podem ser diferentes da edição que eu li, ou que seu amigo leu. E isso
tudo é muito interessante, uma obra tão antiga e que ainda atrai interesse para
os leitores atuais, e que ainda tem essa peculiaridade de diferentes contos nas
inúmeras edições.
A minha edição é em e-book publicado pela Biblioteca
Azul no ano de 2005.
O escritor Ray Bardbury lançou esse livro que
consolidou a sua carreia de escritor de ficção científica, ele morreu em 6 de
Junho de 2012, aos 91 anos, em Los Angeles, Califórnia.
Os 26 contos nessa edição estão em ordem cronológicas,
iniciando em Janeiro de 1999 até Outubro de 2026.
Os contos são repletos de críticas intensas sobre a
humanidade, mesmo em 1950, Ray Bardbury já observava o caos que estava tomando
conta da Terra, e escreveu os contos sobre os homens invadirem o planeta Marte.
Com uma possível grande e devastadora guerra na Terra, as expedições para Marte
começaram em 1999 com a intenção de povoar o planeta vermelho.
“Bradbury coloca o dedo nas principais
feriadas da humanidade [...] O imperialismo, que impõe seus valores e subestima
a inteligência e a cultura de outros povos. O racismo, que divide os homens em
categorias. O descaso pelo meio ambiente, que leva os habitantes da Terra ao desespero.
A censura, que busca reprovar tudo aquilo que não soa correto para o império
dominante.”
O jeito como os humanos se acham superiores a tudo está
muito bem escrito nessa obra. Em um dos contos, depois de pousar em Marte, a
tripulação quer que os marcianos festejem a chegada dos humanos como se isso
fosse algo maravilhoso. Porém os homens são levados para um hospício em Marte,
já que para os marcianos eles não passavam de loucos. Talvez esse seja um dos
poucos contos que contém humor em toda a obra.
“Viemos da Terra, temos um foguete, somos
quatro, tripulação e capitão, estamos exaustos, estamos com fome, gostaríamos
de um lugar para dormir. Gostaríamos que alguém nos desse a chave da cidade ou
qualquer coisa assim e que alguém nos cumprimentasse e dissesse “Viva!” e
“Parabéns, amigo!”.”
A obra é simplesmente incrível, a escrita de Ray é
magnífica, como diz uma passagem do livro sobre o escritor: “Suas narrativas
tem textura, cheiro e cor, são permeadas de letras de canções e de poemas e,
por isso, envoltas em um clima poético.”
Eu poderia ficar aqui escrevendo o dia todo passagens
do livro que são perfeitas, mas isso perderia um pouco a graça para você que
quer ler os contos. Mas deixo aqui uma dica para quando você for ler, deixa preparados
os post-it, porque tudo é maravilhoso e tem que ser marcado para a vida.
Os 26 contos podem ser lidos independentes, mas achei
muito melhor e bem mais aproveitável ler todos eles na ordem cronológica.
A superioridade humana, a arrogância e a necessidade de
poder são relatadas em praticamente todos os contos, e isso só mostra o quanto
precisamos rever alguns conceitos e pensar que possivelmente não estamos
sozinhos nesse universo, então porque temos que achar que somos superiores?
Recomendo muito essa leitura, incrível e perfeita.
Valeu muito a pena.


