
"É possível perder o espírito, assim como
adquiri-lo”
E ai galerinha, tudo na
boa?
Hoje estou aqui para
trazer para vocês a resenha de um clássico, “O Planeta dos Macacos” foi
publicado esse ano (2015) pela editora Aleph com uma edição maravilhosa. Sempre
tive muita curiosidade em cima desse livro que foi publicado pela primeira vez
em 1963 e que além de clássico literário também é um clássico do cinema, porém
o livro era difícil ser encontrado aqui no Brasil, então graças a Aleph eu tive
o prazer de ter essa história incrível na minha coleção.
Vamos começar a falar
sobre a história?
O livro inicia com um
casal que está viajando pelo espaço em lua de mel, e que são surpreendidos com
um objeto brilhante e pequeno que está perto de sua nave. Logo eles observam
que tal objeto trata-se de uma garrafa que contem um papel dentro. Após conseguirem
pegar a garrafa, se dão conta que os papeis são manuscritos e então começam a
ler. E é ai a história começar para valer. O manuscrito é narrado por Ulysse
Mérou um jornalista francês que junto com um professor e um aprendiz partem da
Terra rumo à estrela supergigante Betelgeuse. Uma viagem que iria durar dois anos
e que tinha como objetivo explorar aquele sistema.

Chegando à Betelgeuse,
logo os viajantes terrestres descobrem que aquele sistema possível um planeta
praticamente gêmeo da Terra. Preparam então para pousar, confirmando que tudo
era praticamente igual, ar, água e vegetação. Até que descobrem os animais que
habitam aquele lugar.
Era como se macaco e
humano tivessem os papeis invertidos. Os humanos eram irracionais e desprovidos
de alma, já os macacos eram os seres superiores, pensantes e possuidores de
alma. Temos então uma obra digna e extremamente
magnífica.
A escrita de Pierre Boulle
é limpa, rápida e flui fácil, prendendo o leitor do início ao fim, não deixando
brechas para que a leitura pare. É lindo.
Ulysse é caçado, preso em
um laboratório e começar a ser utilizado para testes, iguais aos que os humanos
fazem com os macacos na Terra. Ulysse está preso em jaulas junto com outros
humanos, mas o que faz com que os macacos sejam os seres superiores? Pierre
aborta isso com o dom da fala alma. Os macacos falam os humanos só
fazem barulhos, exatamente como animais. E isso é mostrado em várias passagens
pelo livro, a capacidade da fala é uma das maiores diferenças para a evolução
de uma espécie.

Em certo momento Ulysse é
levado para conhecer os outros testes que são feitos com seus companheiros
humanos, e ele fica arrasado e enojado com o que vê. Mas por quê? Não são os
mesmo testes que são feitos na Terra? O
livro trás uma crítica enorme do pensamento humano de que ele é o ser superior,
que ele pode fazer o que quiser e como quiser com as demais criaturas que
habitam o nosso planeta, mas quando o papel inverte as coisas não parecem tão agradáveis,
certo? Em alguns momentos quando Ulysse começa a estudar sobre aquele mundo ele
começa a olhar para os seus companheiros de jaula de um modo arrogante, já se
achando superior e digno de respeito, o que mostra mais uma vez o quanto o homem
necessita de achar superior o tempo todo.
Zira é um chimpanzé que
trabalha no laboratório e logo percebe que aquele humano, que é Ulysse, não é
um humano normal. Extremamente inteligente, conseguindo passar por todos os
testes com louvor, ela passa a observar Ulysse de perto e então essa é a
oportunidade dele agir e tentar se comunicar. Foram dois meses de aprendizado
tanto da macaca quanto de Ulysse. Então os dois conseguem se comunicar e finalmente
ele conta tudo para a macaca. Zira tem um plano parar libertar Ulysse e mostrar
aos macacos que ele tem alma. Tudo da certo, até certo momento.
O livro é fantástico e vai
além de uma ficção cientifica, é uma crítica ao nosso modo de pensar, que somos
seres superiores, que seremos assim para toda a eternidade e que isso nunca irá
mudar.
Além claro que essa edição
da Editora Aleph está muito mais completa, possui extras como a entrevista do
escritor de uma edição especial da revista Cinefantastique em 1972. Um ensaio jornalístico
publicado pela BBC em agosto de 2014, contando um pouco do passado de Boulle e
também um texto escrito pelo autor, compositor, estudioso de cinema e
pesquisador de literatura fantástica Braulio Tavares, onde ele deixa alguns
comentários sobre a história da ficção científica francesa. Edição super
completa.
E não poderia deixar de
falar que a edição está linda, capa, ilustrações, a folha grossa e com as
bordas arredondas deu um charme único para o livro, Aleph mandou muito bem.
Com um final incrível e
diferente do que vimos no cinema, O Planeta dos Macacos é uma ficção científica
maravilhosa e que vai deixar você pensando e refletindo sobre certas coisas.
Vale muito a pena.

