
Quarteto Fantástico, o filme provavelmente vai gerar a maior discussão desse ano de 2015. Isso pelo simples fato de que existem dois jeitos de assistir o filme: o lado de quem entrou no cinema para assistir um bom filme, e o lado de quem entrou no cinema para ver um filme de herói. E entendam, Quarteto Fantástico não é, e nem deve ser julgado como um filme de herói.
O Quarteto de 2015 traz na direção Josh Trank (Poder sem Limites), escalando Milles Teller (Whiplash) como nosso Reed Richards, Kate Mara (House of Cards) com Susan Storm, Michael B Jordan (Poder Sem Limites) como o Tocha humana, e Jamie Bell (Billy Eliot) como o Coisa.
Passando isso, sete anos se vão, e temos agora um Reed Richards mais focado, um Coisa ainda um pouco alheio a tudo, mas uma dupla que funciona. Ai somos introduzidos ao pai do filme, Dr. Franklyn Storm (Reg E. Cathey). O que foi polêmica meses atrás com a mudança de etnia do Tocha Humana, é explicado pelo fato de que Sue Storm é a filha adotiva, fazendo uma família um pouco incomum para o cinema (Um Sonho Possível). Nesse tempo, onde a maior/melhor parte do filme se passa, somos introduzidos ao Victor Von Doom (Toby Kebbell), e a toda a dinâmica diferente do filme.
Agora se distanciando totalmente de um filme Marvel ou DC, e se tornando um filme realmente de gênero; Ficção Científica. E nesse gênero o filme brilha. Toda a montagem do laboratório, a interação entre os personagens, a atuação de Milles Teller como Reed, mostra o porque de terem dado o papel principal a ele. Milles brilha com o jeito desengonçado, de alguém que é muito melhor com números e fórmulas, do que com pessoas. A cena da selfie é a cereja nesse bolo. Agora a viagem espacial e as ondas cósmicas foram substituídas pela viagem a outra dimensão.
Ultron também não foi criado por Tony Stark, e não é a Mulher Gato que derrota o Bane, antes que os críticos cheguem com sete pedras na mão. E nessa volta da dimensão é onde o filme chega ao seu ápice. A cena onde o Senhor Fantástico está no chão ensanguentado, olhando para Johnny Storm pegando fogo, mostra para que o filme veio. Aqui os poderes não são a coisa mais fantástica do mundo. Aqui eles mostram o que realmente significam nesse Reboot; Uma anomalia. E brilhantemente eles mostram um por um, como aquilo era algo que não deveria existir, começando na cena em que Senhor Fantástico olha para seus membros disformes, até a cena em que o Coisa eclode de sua carapaça.
Passando-se mais um ano, o filme chega na parte mais fraca. A parte que Fox disse ao diretor: "transforme isso em um filme de Herói". E aqui realmente o filme decai. Aqui todas as cenas com peruca de Sue Storm pesam. Aqui o vilão sem sentido, o exército como uma organização do mal, e o discurso antes de morrer do Dr. Franklyn Storm pesam. Mas aviso, por pior que seja essa parte, ela não é nem um quarto do filme. E até mesmo aqui, salvam-se cenas interessantes, como a que o Senhor Fantástico precisa se disfarçar para não ser reconhecido.
O Filme termina numa confusão, provavelmente se moldando ao que vai ser o Quarteto Fantástico 2, um filme genérico de heróis.
Entender as falhas do filme é passar pela reunião com acionistas e críticos que houve no começo do ano. Lá o filme foi passado, e ao seu final concluíram que deveria ser um filme de herói, e não um filme de ficção. Ai, já com o filme acabado, começam semanas de correção no roteiro, refilmagem, reconstrução de set, efeitos especiais que não puderam ser concluídos a tempo. Isso porque? Porque o estúdio e os críticos pediram um filme de herói (toda vez que Sue Storm aparecer com uma peruca safada no filme, entenda que aquela cena fez parte da refilmagem). E agora a maior parte dos sites de crítica caem matando, como se Quarteto Fantástico de 2015 fosse o pior filme do mundo. Com 10% de aprovação no Rotten Tomatos, 4,2 no IMDM, o filme não é esse monstro que está sendo vendido. É um filme que tem sim seus problemas, mas nessa geração onde tudo que se faz é copiar a formula MCU de se fazer filme, o Quarteto Fantástico mostra que mudar a fórmula é possível. Não escurecendo frame a frame, como Zack Snyder faz, mas dando um peso real aos personagens.
Quarteto Fantástico não é o melhor filme da vida, mas passa longe de ser um filme péssimo. É um filme honesto com seus problemas, mas que vale a pena ser visto.
Bom, essa foi a minha primeira crítica em colaboração com o QuatroSentidos. Meu nome é Gilson Vilain Machado, eu sou natural de Florianópolis e ir no cinema pelo menos uma vez por semana é rotina. Esse foi o último filme de heróis do ano, contudo esse ano ainda tem muitas cartas na manga para mostrar.
Espero que tenham gostado da crítica, perguntas e comentários estão liberados a baixo, se você ainda não viu o filme, mas está se sentindo com vontade de falar mal ainda assim, talvez reler esse texto seja uma solução.





